A Sociedade Instrução Musical Coruchense, primeiro nome da mais antiga Associação Cultural do concelho de Coruche, foi fundada no dia 9 de Abril de 1896 por iniciativa de algumas das figuras mais proeminentes de Coruche. Não é de modo algum uma associação pioneira no âmbito das filarmónicas pois quando esta é criada, já outras funcionavam a pleno vapor, sobretudo as que se encontravam mais próximas dos grandes centros urbanos e onde já existia uma forte industrialização.Foi na verdade por obra e mérito de um minúsculo grupo de cidadãos, alguns nem sequer eram naturais de Coruche, mais empreendedores, mas cultos, detentores de maiores recursos materiais e politicamente mais influentes, foram na verdade estes os cidadãos que institucionalizaram esta agremiação e a eles se juntou o elemento humano indispensável à formação da Banda constituído por extracto social mais modesto e feito na íntegra por trabalhadores por conta própria, entre estes barbeiros, alfaiates, sapateiros, etc. Uma pessoa se destaca: Artur Peixoto Ferreira (filho de Visconde de Landal) que, após alguns contactos que tiveram como cenário a velha Farmácia Horta, decidiram criar uma Charanga ou Filarmónica que muita falta fazia na vila de Coruche. A escola de música, elemento de fundamental importância para a formação e renovação de músicos para a banda foi criada pelo Sr. Joaquim Valério dos Santos.O facto desta adesão se circunscrever a este extracto social deve-se a factores de ordem diversa, entre os quais, a concentração geográfica na zona urbana (Vila de Coruche), serem pessoas que regra geral sabiam ler ou escrever (o número de pessoas alfabetizadas na época era muito reduzido, os trabalhadores rurais e as mulheres, por exemplo, eram na sua quase totalidade analfabetos). A circunstância de serem profissionais por conta própria facultava-lhes o privilégio de disporem do seu próprio tempo permitindo a frequência das aulas e dos ensaios de música assim como a sua participação nos concertos. Naquele tempo ser-se músico era ter uma função louvada socialmente. Daí, a adesão à banda passou a ser considerada como valorização social. Foi assim possível constituir a primeira banda, apresentando-se esta, pela primeira vez em público, no dia de Natal do ano de 1896. A partir desta data, passou a prestar diversos serviços à comunidade e aos concelhos limítrofes. Participou com regularidade em inúmeras excursões e encontros de bandas como digna embaixadora cultural do nosso concelho, tendo obtido mesmo alguns troféus importantes, sobretudo em Évora, Setúbal, S. Martinho do Porto e Santarém. Mantém em funcionamento a sua escola de música que é gratuita e aberta a toda a população. Entre os seus principais utilizadores e beneficiários predominam os jovens de ambos os sexos. A presença de elementos do sexo feminino a partir de 1974 veio quebrar o carácter exclusivamente masculino.
Última Atualização: 25/03/2019